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Muralha de Bemposta
- Outras designações: Castelo de Bemposta
- Localidade: Bemposta (02)
- CMBD: XVIII.18
- Código Endovélico: 19404
- Categoria de Proteção: Sítio de Interesse Municipal
- Categoria/Tipologia: Arquitectura Militar/ Castelo
- Documento legislativo: Anúncio n.º 292/2021 (datado de 15/12/2021), DR, 2ª série, n.º 252, de 30/12/2021
- (classificação)
- Zona de Proteção: Anúncio n.º 292/2021, DR, 2ª série, n.º 252, de 30/12/2021
A Muralha de Bemposta, é património arquitetónico de cariz militar que marca um momento da História de Portugal. A cerca medieval seria cortada por 3 entradas: uma do lado Oeste voltada para o atual Largo da Igreja; do lado Este para o Largo da Salina; na intersecção da Rua do Quartel, esta anteriormente designada por Rua da Porta Falsa, com a Rua do Castelo levanta-se a hipótese da existência de uma Porta Falsa.
O cerco amuralhado compreenderá um perímetro de cerca de 340 metros, com uma espessura que poderá variar ao longo do traçado, todavia, situar-se-á na média dos 3 metros. A sua construção foi pensada para aproveitar a topografia natural, assente no afloramento rochoso, quando possível. Quanto à altura ou coroamento da muralha não existem vestígios consistentes que nos possam auxiliar a determinar a sua primitiva altura máxima.
O aparelho da muralha de Bemposta, caracteriza-se pela presença de pequenos e médios silhares de granito dispostos de forma pseudo-isódoma, nas faces interna e externa. O miolo é composto por elementos pétreos de pequenas dimensões e material laterício agregados por terras compactadas.
No interior do perímetro amuralhado existem alguns pontos de interesse que passamos a frisar.
O Inferno da Bemposta, um micro-toponímo que corresponde a uma área de galerias subterrâneas cujo o acesso se faz por um antigo pórtico, situado no interior de construções, do que seria um lagar, em ruínas. De uma das galerias principia um túnel que teria saída para um quintal na parte Sul da Muralha, no lado da Rua do Olival.
A casa antigo juiz ou regedor, é uma construção tradicional, com uma grande escadaria. Segundo informações de locais tem uma adega escavada na rocha e que no seu interior existe um nicho de grande valor artístico e histórico. No fim da escadaria, note-se ainda um pormenor de um decalque que seria utilizado como apeadeiro para os senhores saírem do cavalo.
O logradouro apresenta um cenário enquadrado na essência medieval da antiga vila e dá acesso às traseiras do edifício situado no Inferno da Bemposta e à antiga casa do juiz. A própria fraga serve como lajeado e a presença de alguns palheiros acrescem ao seu carisma e interesse.
Num contexto político e militar instável, mesmo após a assinatura do tratado de Alcanices, D. Dinis outorga foral em 1315 a Bemposta, antiga povoação de Pereinha, e ordena que seja erigida uma cerca, para a proteção da nova vila. Como uma consequência de uma política colonizadora e de afirmação da autoridade régia, numa região dominada pelo poder senhorial. O referido monarca concede-lhe uma carta de mercê de 1321, prometendo que só pagariam o foro que antigamente pagavam como aldeões de Penas Roias (durante 6 anos), em vez, de foro duplo destinado às vilas, para impulsionar a construção da muralha.
D. Afonso IV (r. 1325-1357), entra nas chamadas “guerras esquivas” (1336-1338), com Afonso XI. No primeiro ano da disputa, D. Afonso IV ataca Badajoz e o seu meio-irmão D. Pedro, 3º conde Barcelos, invade a Galiza onde arrasa e saqueia várias localidades. Em retaliação, o monarca castelhano ordena ataques na fronteira, surge no relato da sua crónica, o topónimo de Bemposta como tendo sido uma povoação queimada e Bragança corrida.
No reinado de D. Fernando (1367-1383), houve diversos conflitos nesta região de fronteira. Sendo o castelo da Bemposta, entre outros, provável local importante na defesa do território e das populações residentes. Em 15 de novembro de 1382, D. Fernando doa a Fernando Afonso de Zamora (castelhano), Senhor de Valença, o senhorio de Bemposta pelo apoio prestado ao rei português. Gil Vasques da Cunha, recebe em dote de casamento a vila por volta de 1385, pelo auxílio prestado a D. João I durante o período interregno. Em 21 de janeiro de 1434, o rei D. Duarte, confirmou a Martim Gonçalves Alcoforado, a vila que já tinha sido doada a seu pai que era protegido do anterior senhor. Em 1469, Vasco Fernandes de Sampaio, senhor de Vila Flor, comprou Bemposta a Rui Gonçalves Alcoforado, de forma a fortalecer o seu senhorio nesta área.
No ano de 1507, é feito o Tombo da Comenda de Mogadouro da Ordem de Cristo, onde se faz referência que no interior do castelo de Bemposta existiam três casas em ruínas pertencentes ao comendador da Ordem de Cristo e de que ocorriam “grande soma de pardieiros” sem descrever o estado de conservação da muralha.
No séc. XVI, D. João III ordena que seja realizado um censo da população do reino. No censo de 1530, Bemposta contabiliza 96 habitantes e também é referido que o castelo estava desbaratado e parte em ruínas.
Posteriormente, em 1658, no relatório enviado por D. Rodrigo de Castro, Conde de Mesquitela, ao Conselho de Guerra, durante a guerra de Restauração, diz-se que a vila não tinha qualquer estrutura defensiva e seria importante construir uma atalaia. A falta de informação sobre a fortificação, leva-nos a crer que o seu estado de conservação era já nesta data ruinoso.
Por fim em 1758, nas Memórias Paroquiais, Bemposta tem 160 vizinhos e 415 pessoas. Em resposta ao inquérito refere a existência de um pequeno muro, a que chamam de castelo, sendo esta a última referência histórica à muralha até hoje conhecida.
Latitude: 41.309167, Longitude: -6.503117