Igreja Matriz de Mogadouro

Apesar de não serem muito abundantes, os documentos referentes à Igreja de S. Mamede constituem uma preciosa mais-valia para compreender a história do templo e da Vila. Neles e visível um passado histórico profundo e rico. A proximidade espacial entre a Igreja e o castelo de Mogadouro reflectiu-se muitas vezes quer em termos documentais quer em termos de posse por um mesmo senhorio.

O que encontramos hoje na Igreja de S. Mamede de Mogadouro é um templo dividido em três naves em que a convivência de elementos de tipologias diferentes lhe conferem uma aparência pouco homogénea e lhe acentuam a originalidade do seu percurso histórico e arquitectónico.

A cabeceira ostenta uma excepcional abóbada de nervuras que arrancam de mísulas colocadas a meia altura do arco triunfal. As nervuras apresentam chaves decoradas, algumas delas com a Cruz de Cristo, e uma com um escudo de armas da família Távora. O primeiro arco à direita do arco triunfal, não encontra paralelo no conjunto arquitectónico do templo. Sua estética, com o recurso a cordas entrelaçadas, segue o estilo manuelino. As paredes das naves estão revestidas por um largo rodapé de azulejos monocromáticos brancos e azuis, bastante arcaicos.

Os vãos das janelas da Igreja matriz de Mogadouro, apresentam um traço distinto, sintomático de cronologias também distintas. As aberturas do lado da Epístola na capela-mor, que se abre no cimo do portal principal apresentam indícios de contemporaneidade que não se coadunam com uma concepção do espaço religioso de tradição medieval que se queria menos iluminado no interior. Através de um registo fotográfico não datado (mas de meados do século XX), sabemos que a fachada principal recebeu um nicho do Senhor dos Passos, o que reafirma a existência de vários estratos que tentamos, de forma muito breve e sucinta, aqui enunciar. A riqueza da Igreja de S. Mamede de Mogadouro não reside apenas nos vários estratos arquitectónicos e nas fundações que lhe conferem um valor patrimonial inegável. É também ao nível dos objectos e das alfaias litúrgicas que o seu valor se consuma.