O Careto e a Velha de Valverde

Este ritual festivo sai à rua no dia 25 de dezembro, para a celebração tradicional do solstício e integram-no duas personagens: o Careto e a Velha, ambos precedidos por um tocador de caixa que assim os anuncia à população. Esta tradição tendo-se perdido em meados do século passado foi recuperada em 2014.

O Careto usa um fato inteiriço muito colorido de serapilheira com um capuz, uma máscara totalmente preta com a língua vermelha a sair-lhe da boca, usa também uma moca na mão e um sarrão ao ombro. A sua máscara pode considerar-se como modelo único neste contexto, pelo facto de ostentar uma serpente enrolada nos cornos de carneiro. Sendo um ritual de fertilidade, faz todo o sentido a sua presença relevante na máscara do Careto. A outra figura solsticial, a Velha, sai vestida toda de preto com uma cesta enfiada no braço e na cara enverga uma máscara feita da pele de ovelha, com a parte do pelo para dentro. Juntos realizam um peditório pela localidade para depois se fazer um leilão dos bens recolhidos.

O “casal” representa a sabedoria e a fertilidade. Serão reminiscências pagãs das festas Saturnais. O peditório em benefício de Nossa Senhora e do Menino Jesus, precisamente no dia da celebração da Natividade. Daqui se deduz o caráter benéfico do “casal” dos mascarados.

Antigamente percorria as localidades de Valverde, Souto, Roca e Santo André.

Para conseguir tal tarefa, a personagem era incarnada entre os dias 20 de dezembro e o Dia de Reis. Também era frequente vê-lo aos domingos, a correr atrás das moças, ou a pedir esmola a alguém que lhe tivesse escapado.