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Ceifas e Vindimas
Vindimas
Desde a antiguidade clássica que a vindima, época da colheita das uvas, é celebrada como se de uma festa se tratasse, afinal é o culminar do trabalho de um ano inteiro que, naquele momento, simbolicamente se festeja. Tradicionalmente, por terras lusitanas, o período das vindimas ocorre entre setembro e outubro, dependendo obviamente das temperaturas do verão e da quantidade de pluviosidade do ano. Os homens e mulheres iniciam a tarefa com o tradicional pequeno almoço servido pela manhã, e embarcam na aventura de participar no processo de colher manualmente as uvas no meio dos vinhedos, onde ainda muitos homens e mulheres fazem apanha manual e vão depositando cuidadosamente os cachos de uvas em cestos de vime para que possam, depois, ser transportados para o lagar. De seguida as uvas são pisadas, pelos homens que entoam cânticos tradicionais. O mosto fica no lagar a ferver o tempo necessário para fazer a trasmudação do vinho para os pipos.
Desta manifestação destacamos o momento da merenda, da apanha da uva e do pisar desta como ponto alto da manifestação.
Estamos a falar numa manifestação que ocorre durante os meses de setembro e outubro durante o dia sendo protagonizada por homens e mulheres. Há que ressaltar que atualmente as uvas já são pisadas com as máquinas e muitas delas são enviadas para as adegas /cooperativas. A sua continuidade enriquece a comunidade e constitui sem dúvida uma fonte de identidade e coesão.
O modo de transmissão é representativo pois este património imaterial prospera com base na vontade das comunidades. É um património imaterial que permanece nas terras do concelho de Mogadouro com destaque para as freguesias das arribas do Douro.
Ceifas
Quando chegavam os últimos dias do mês de julho o trigo já se mostrava naquele tom amarelo dourado, querendo dizer que estava seco e pronto para ser colhido. Aproximavam-se os dias da ceifa e tudo se encaminhava para os campos. Esta era uma tarefa que exigia alguma preparação para que tudo estivesse pronto naqueles dias. Alguns dias antes levava-se o trigo ao moinho para depois cozer uma fornada de pão e arranjavam-se as cobertas de retalhos e as sacas de pano grosso para o dia da debulha. Enquanto isso o lavrador já tinha contratado também os homens, mulheres e raparigas para ajudarem na labuta. O dia da ceifa começava bem cedo, com as mulheres atarefadas a fazer uma panela de café e a arranjar pão de casa com manteiga ou com ovos fritos para a matina daquela gente que tinha vindo dar o dia a trabalhar na apanha do trigo. Tomavam o café e seguiam para os campos, não sem antes terem molhado a garganta com um golo de aguardente. De seguida com este pequeno incentivo deslocavam-se para os campos. O calor da azáfama e a poeira misturavam-se com a alegria, as cantigas e a boa disposição. Mulheres e raparigas, a cabeça coberta por um lenço ou chapéu de palha, arrancavam as espigas com a mão direita e colocavam-nas numa mão-cheia no seu lado esquerdo para depois os homens as recolherem uma a uma e formarem as maçadoras que amarravam com um pequeno feixe de espigas. O almoço, embrulhado na toalha branca de algodão era transportado na tampa de vimes, porque como era para muita gente o cesto de asa mais pequeno não dava para levar tudo. Depois de todo colhido, os homens com a foice roçavam o trigo separando as espigas do restolho que depois de amarrado em molhos seria arrumado no sobrado do palheiro, para na devida altura ser usado na cobertura dos nossos palheiros. As espigas eram arrumadas em montes para daí a uns dias serem debulhadas.
Desta manifestação destacamos o momento alto o do mata bicho, da ceifa propiamente dita e do almoço. Altura de convívio entre os segadores. Estamos a falar numa manifestação que ocorria no mês de julho. É protagonizada por homens e mulheres.
Ao contrário da vendima a ceifa é um património imaterial que corre grande risco de desaparecer, pois atualmente todo este processo é feito com máquinas. A freguesia de Bemposta tenta reconstituir um dia de cegada, para que a ameaça de desaparecer comece a ser posta em causa. É desta forma que esta manifestação puderá continuar nas nossas freguesias, se as comunidades assim o desejarem.
Freguesia de Bemposta
Julho a Setembro