Senhor dos Passos

A procissão do Senhor dos Passos surgiu em Mogadouro com a família Távora. Pela ação benemérita desta família a fundação da Misericórdia de Mogadouro é outorgada em 1559 por bula papal de Pio IV, tendo este inclusive concedido várias indulgências.

Após a celebração da Missa Solene na Igreja da Misericórdia, a Procissão do Senhor dos Passos sai do Largo da Misericórdia, percorrendo as várias cenas da Via Sacra, expostas nos sete nichos existentes em determinadas ruas da Zona Histórica de Mogadouro, ouvindo-se após cada paragem o cântico da Verônica.

O primeiro nicho situa-se no Largo da Misericórdia, o segundo na Rua dos Távoras, o terceiro na Rua de S. Francisco e os restantes quatro na Rua do Sagrado, no muro do jardim da Igreja matriz. Outrora existiu um nicho na fachada frontal da Igreja Matriz de Mogadouro, como podemos ver identificado na fotografia, o qual não sabemos se foi deslocado para outro ponto ou simplesmente removido.

No Largo Trindade Coelho o sacerdote, do alto de uma varanda, profere um sermão alusivo ao momento. Enquanto este decorre, Nossa Senhora das Dores sai do Convento de São Francisco para ir ao encontro do Divino Senhor dos Passos. Uma multidão de fiéis, que acompanham a procissão, consideram a celebração do “Encontro” entre Maria e Jesus, um dos momentos mais emotivos da devoção ao Senhor dos Passos. A “Via Crucis” prossegue com as duas imagens até à Igreja Matriz onde é proferido o “Sermão do Calvário”.

Esta manifestação religiosa termina com o descerramento deste quadro bíblico no interior da Igreja Matriz de Mogadouro, com Cristo crucificado, sua Mãe e São João Evangelista, integrando ainda outras figuras alegóricas como os soldados romanos, “anjinhos” e populares.

Atualmente esta cerimónia celebra-se no 5º domingo da Quaresma, também conhecido como o 1º Domingo da Paixão, é realizada apenas de dois em dois anos e é organizada pela Comissão das Solenidades do Divino Senhor dos Passos.

Por si só a história desta procissão e o estudo dos elementos que a constituem, os nichos, os quadros da Via Sacra, as imagens, os cânticos da Verónica, entre outros aspetos muito peculiares desta cerimónia, mereciam a edição de uma publicação científica desta manifestação secular religiosa da identidade cultural mogadourense.